A chama persistente

Nas areias escaldantes da memória,
havia uma mulher cuja sombra
era feita de luz.
Levava no peito a brasa insistente
da perseverança,
esse fogo lento e dourado,
que não queimava, mas guiava
por caminhos tortuosos
da vida e do tempo.

E disseram que ela andou
cem anos ou mais
pelos desertos do esquecimento,
mas jamais desistiu.
Ao amanhecer, subia às dunas mais altas
e via seu destino,
iluminado, como se um sol particular
lhe apontasse a direção.

Em noites sem estrelas,
quando tudo parecia perdido,
fechava os olhos e alimentava-se
da chama silenciosa
que ardia firme dentro do peito,
recordando-lhe que o sucesso
não era apenas o fim do caminho,
mas cada passo dado
contra a tempestade do desânimo.

A cada passo, a areia revelava
um mundo secreto:
flores nascidas da secura,
rios brotando da aridez,
e sonhos surgindo
da mais pura impossibilidade.

Assim, atravessou vidas inteiras
e gerações esquecidas,
pois era a perseverança,
essa chama misteriosa
que ilumina o invisível,
que faz das dificuldades
meras miragens,
e do sucesso
uma realidade tangível,
que se alcança somente
com a teimosia mágica
dos que ousam persistir.

Luciana Oliveira