
Onde Mora a Força
Em certos fins de tarde,
quando o aroma do café paira no ar
como se fosse uma lembrança antiga,
há uma força delicada que se espalha pela sala
sem fazer alarde.
Ela se senta entre cadeiras vazias,
escuta conversas com a paciência dos anjos
e sussurra nas entrelinhas dos livros abertos
que ser gentil é um ato de coragem.
Ali, onde páginas viram com cuidado
e gestos pequenos sustentam mundos inteiros,
a suavidade tem nome,
embora não precise ser dita.
Há quem diga que, naquele lugar,
as lágrimas já foram enxugadas com poemas
e que sorrisos nascem mesmo em dias de ventania.
Porque a verdadeira força
reside em quem estende a mão,
mesmo quando o coração está cansado.
E mesmo que ninguém perceba,
na última gota da xícara esquecida,
fica sempre um rastro de ternura,
como se a gentileza tivesse decidido
fazer ali sua morada secreta.
Luciana Oliveira