
Mundos Que Nascem do Papel
Há quem diga que, ao escrever uma história,
uma estrela se acende num céu que ainda não existia.
E que o primeiro ponto final
é, na verdade, o início de uma nova eternidade.
Cada palavra escolhida com ternura
dá forma a seres que respiram
nas frestas do papel e do silêncio,
como se a vida inteira coubesse numa vírgula bem colocada.
A menina de olhos lilases,
o velho que conversa com pássaros,
a cidade que chove flores às segundas —
todos vivem ali,
em páginas que dormem
até que mãos amorosas as despertem.
Escrever é tornar-se muitos sem deixar de ser um.
É viver o que não se viveu,
amar com outros nomes,
chorar dores que nunca se teve
e descobrir mundos que só existem
para quem ousa habitá-los com a caneta.
E assim, cada história escrita
é uma nova vida vivida,
um novo mundo descoberto —
onde a realidade dança com a imaginação
e o impossível aprende a respirar.
Luciana Oliveira